terça-feira, 20 de dezembro de 2016

A nobreza do presépio

A nobreza do presépio



O evangelista Lucas nos narra a situação em que foi submetida à família de Nazaré naqueles dias derradeiros ao nascimento do Messias. Um decreto foi emitido para um recenseamento e este tinha força que emanava de um poder na época, ou seja, eram obrigados a partirem imediatamente para realizar um cadastro.

Para estas viagens não se levara nada a não ser a roupa que vestiam talvez um cantil com água e alguma comida e José como bom esposo, ainda providenciou um animal para que Maria pudesse ir até a cidade de Belém, na Judéia, na cidade de Davi. Pois estava escrito “Mas tu Belém, tão pequena entre os clãs de Judá, é de ti que sairá para mim aquele que é chamado a governar Israel” Miquéias 5,2.

Deus assim preparou todas essas coisas para que seu filho, o salvador viesse ao mundo em nosso favor, nos resgatar. Mas não quero repetir novamente o que Lucas escreveu, mas sim meditar aquilo que esta nas entrelinhas desse extraordinário acontecimento salvífico para nós pobres pecadores.

Chegando os dias para nascer o menino, eles ainda se encontravam em Belém, e bem provável que Maria sabia que Jesus iria nascer durante essa viagem e se preveniu levando panos e faixas aos quais foram envoltos o filho de Deus na manjedoura. Fico pensando que informação privilegiada Maria e José tinha em mãos nesta época em saber que seria um menino a nascer.

A palavra nos narra que chegando a hora procuraram um lugar para se hospedar, mas ninguém tinha lugar para eles, claro, é bem possível que Belém estava lotada de peregrinos que vieram para o alistamento conforme decreto. Mas, ainda acredito que não queriam recebe-los por diversos motivos, como por exemplo, o que foi dito por Natanael a Filipe “ Pode porventura vir coisa boa de Nazaré?” João 1, 46.

Certa desconfiança para com o povo de Nazaré pode ter levado Maria e José ao curral de animais para que Jesus pudesse nascer. É bem assim o jeito de Deus, de forma humilde vem ao mundo para nos ensinar já quando chega que a simplicidade é preferida por Deus. Este curral, gruta ou presépio torna-se então lugar especial a partir desse momento quando Maria da à luz e envolve o menino com o que ela tinha trazido consigo, algumas faixas e panos e o deposita na manjedoura, lugar de alimentar os animais.

Que gesto significativo para a humanidade, ao nascer o filho de Deus é depositado como alimento, já nos remetendo a Jesus como alimento ao mundo, assim como ele mesmo nos afirma mais tarde no Evangelho de João. “Quem come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim e eu nele” João 6, 56. Aquele lugar nunca mais seria o mesmo depois disso, tornou-se lugar de nobreza de Deus para com os homens, tornou-se lugar onde o pão vivo descido do céu quis nascer.

Não muito longe dali, pastores cuidavam de animais a noite, dando oportunidade aos Anjos anunciarem e darem Glória a Deus pelo ocorrido naquele momento. Quem é a sentinela que vigia a noite, durante a chegada, senão pastores, novamente pessoas simples e humildes que acreditaram nos Anjos e foram ver o menino e seus pais, talvez estabelecidos no seu próprio curral.

O que mais Deus quer nos ensinar com isso, você conhece um curral, lugar envolto de sujeira, cheirando mal, talvez com pouca proteção, quase ao relento. Porque Deus escolheu esse lugar para torna-lo nobre, lugar onde nasce um rei, mas não só o rei que os reis magos procuravam, um rei de Israel apenas, mas sabemos agora que é um Rei e Senhor do universo, isso torna muito nobre aquele lugar do nosso ponto de vista.

Diante dessa breve meditação, como está nosso coração para reviver esse momento do nascimento desse Rei Jesus, vendo do ponto de vista atual, como está a manjedoura do nosso coração, está preparada? Ou está toda suja e cheirando mal. Sabendo que Jesus vai nascer mais uma vez em nosso meio, nosso acolhimento é digno de uma hospedaria, ou de um presépio, curral.

Façamos um exame de consciência, preparamos para esse encontro, como os reis magos trouxeram presentes para o menino, eles se prepararam para aquele encontro, fizeram sua adoração a Jesus menino, mesmo pensando em um Rei político. Mas nós agora sabemos que não se trata de rei político, mas um Senhor de nossas vidas.

Que nesse natal Jesus possa de verdade nascer em nossa manjedoura do coração, principalmente pela Eucaristia, pão e carne que alimenta nossa alma, amém.



Fabiano A. Kürten

Coordenador de formação Geral